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30.Set - SEMINÁRIO DE CORUPÁ
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SEMINÁRIO DE CORUPÁ

 


 


“Vamos construir um novo seminário”.


Esta era voz dos poucos padres alemães dehonianos residentes no sul do Brasil, chegados a partir de meados de 1903, com P. Gabriel Jacó Lux 1869 – 1943) e P.José Fidelis Foxius (1874 – 1931). O tempo em que se sonhava com a construção de um seminário era a década de 1920.


                Em Brusque, havia sido construído o Seminário Sagrado Coração de Jesus com capacidade para acolher 30 seminaristas. Chegavam mais dehonianos, vindos da Alemanha. Crescia entre os padres a preocupação com um novo seminário, onde pudessem ser acolhidos os meninos que demonstravamdesejo de “serem padres”, cujo número aumentava a cada ano.


                Em 1929, P. Germano Brand fundou a revistas Der Wegweiser(O indicador de rumo). Por meio desta revista os dehonianos e, especialmente, o seminário de Brusque se tornaram conhecidos no sul do país.


                Com o sonho da construção de um seminário maior, muitos questionamentos: em que local construir? Quem se responsabiliza? Como conseguir recursos? Como será a construção?   Quem elabora um projeto? O sonho de um seminário adquiria fortes marcas de preocupação.


                Locais sugeridos para construir havia: Forquilhinha/SC (havia dehonianos trabalhando ali), Taubaté/SP (os dehonianos estavam presentes ali há mais tempo) e Jaraguá do Sul/SC. Na região de Jaraguá do Sul, havia dois terrenos: um situado está o Curtume Schmidt (no  Molha) e outro oferecido pela comunidade católica da capela de Corupá. A comunidade corupaense vinha representada pelos senhores Adolfo Bäuemle, José Mueller e Guilherme Thiemann.


                O terreno oferecido era a Colônia 81. Próxima do rio, sem construções por perto. Terreno bonito e de visões bonitas para os morros de Corupá, que, à época, era conhecida como Hansa Humboldt, em homenagem ao naturalista alemão Alexandre von Humboldt. O nome Corupá (lugar de muitas pedras) foi dado em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial.O Estado Novo no Brasil proibia nomes de origem germânica e italiana.


                Enfim, a decisão. O Superior da época, P. Pedro Storms decidiu que o seminário seria construído em Corupá. De outro lado, a partir de então, conforme promessa de P. Pedro Storms, a comunidade de Corupá teria um padre residente permanentemente (P. Vicente Schmitz) atendendo os anseios dos católicos. No dia 19 de março de 1928, P. Vicente Schmitz, que antes, quando trabalhava em Jaraguá do Sul, já atendia a capela São José, de Hansa Humboldt, assumiu os cuidados da comunidade.


                Após a decisão de se construir novo seminário em terras catarinenses, cavaram-se os fundamentos. Era o início das obras, em meados de 1928. Já iniciadas as obras, foi lançada a pedra fundamental. Foram escolhidos os dias 07 e 08 de setembro de 1929 para o evento. O dia 07 de setembro era feriado nacional e o dia 08 era um domingo. Foi feita grande divulgação em toda a região. Queria-se uma grande festa, mas o excessivo mau tempo prejudicou muito o evento.


                Foi celebrada missa e, após, o P. Germano Brand leu o texto de lançamento da pedra fundamental, redigido por P. Bangder. Diz o texto: “No ano da salvação de 1929, aos seis de setembro, na Festa da Bem-aventurada Virgem Maria, sendo Pio XI o Papa gloriosamente reinante no sexto ano de seu Pontificado. Dom de Freitas, o 1º Bispo de Joinville. Os diletos Padres em Cristo: Lourenço Philippe, Superior geral da Congregação dos Padres do Sagrado Coração; Paulino Sander, Superior da Província Germânica, Pe. Pedro Storms, Superior Regional do Brasil Meridional. As egrégias personalidades: Senhor Washington Luiz Pereira de Souza, Presidente dos estados Federativos do Brasil, Doutor Adolfo Konder, Presidente do estado de Santa Catarina; Ulysses Costa, Eduardo Schwartz, Gustavo Richlin, da Câmara de Joiniville”.


                O cronista acrescenta: “Com água lustral aspergimos a Pedra Fundamental do edifício destinado a jovens brasileiros que foram chamados para a causa do Senhor, a fim de ingressarem na Congregação dos Padres do Sagrado de Jesus” (A crônica do Padre Vicente Schmitz, p. 48).


                Seguem-se as assinaturas das altas personalidades referidas. O Documento termina com uma invocação: “Que nos acompanhe Nosso Senhor Jesus Cristo, a Pedra Angular que, sem auxílio de mão, foi arrancada da montanha, e é o Fundamento imutável. Que nos acompanhe a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, que protegeu os primeiros Padroeiros, e alcancem a luz e a força da sabedoria cristã para aqueles em cujo benefício empreendemos esta obra, no sentido de ouvirem a voz   do céu a eles dirigida: “Ide também vós para minha vinha”.


                Conforme A Crônica de Padre Vicente Schmitz, “Após manifestações e discursos de autoridades, e de um aplauso geral, o Documento foi sumindo, primeiro, num canudo de metal; depois, na pedra fundamental de cimento, a qual foi depositada na abertura do pedestal de uma coluna que fica na parte saliente da fachada. A parte exterior traz a inscrição LA 1929”. (LA significa LapidisAngularis) (p. 48).


                Em sua crônica, P. Schmitz escreve: Oxalá este Documento possa descansar tranquilo. E que, século após século, gerações e gerações possam vê-lo. Mas, oxalá, também a semente aqui lançada em clima de entusiasmo e espírito de sacrifício para a elevada e altíssima causa, possa crescer e desenvolver-se ‘ad maiorem Dei gloriam et salutemmultorumfratrum” [para a maior glória de Deus a salvação de muitos irmãos] (A Crônica do Padre Vicente Schmitz, p. 47-48).


                Em meio ao entusiasmo e ânimo dos dehonianos pela construção de um novo seminário, havia a grave crise político-econômica de 1929, que atingiu o mundo todo. Dia 24 de outubro de 1929, uma quinta-feira, a “Quinta-feira negra”. A Bolsa de Nova Iorque havia quebrado (Crash da Bolsa). Verificavam-se altas taxas de desemprego em todos os países (à exceção da União Soviética), queda brusca do produto interno bruto, queda da produção industrial, que dos preços das ações, desabastecimento do comércio etc. O Brasil não conseguia vender seu café, principal produto de exportação. O empobrecimento era geral. Além disso, o Brasil vivia uma situação de insegurança política.


E, a construção do seminário havia começado em 1928. Todos foram convocados a empenhar-se à busca de recursos. Em conseguiram! Tanto que no dia 17 de janeiro de 1932 aconteceu a festa de inauguração do seminário e o dia 11 de fevereiro foi de 1932 foi o dia do início das aulas, com 76 seminaristas, cinco padres (P. Henrique G. Spettmann, Vicente Schmitz, Guilherme R. Thoneick, Paulo J. Kremer, João Basílio Stolte) e três professores leigos (Prof. Grossner, Prof. Herckrath e Prof. Braun).


 


 


Fonte: P. Nestor Eckert

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