Dehonianos
Artigos
03.Nov - Culto, espiritualidade, devoção
Aumentar Fonte +
Diminuir Fonte -
Culto, espiritualidade, devoção

Muitas vezes, ouvimos falar de espiritualidade do Coração de Jesus. Outras, fala-se de devoção ou de culto. Vamos tentar entender qual é a diferença entre culto, espiritualidade e devoção.


 O que é culto?


A palavra deriva de um verbo latino (colere) e significa ter o cuidado de cultivar. O culto é a veneração que se tem por um ser ou uma pessoa, uma atitude interna feita não só de admiração, de estima e de honra, mas também de humildade, de entrega e de submissão.


Quando falamos de culto religioso, devemos lembrar que ele estabelece um relacionamento entre Deus e a pessoa humana; entre Deus que se revela e se doa e a pessoa humana que lhe responde com serviço e amor.


O culto é, antes de tudo, interno, mas pode e deve se expressar em atos externos. Fazem parte dele nossas orações pessoais e comunitárias e nossas celebrações litúrgicas com que respondemos ao amor de Deus por nós.


 O que se entende por espiritualidade?


Espiritualidade é um termo hoje muito usado. Indica o espírito de uma coisa, um estilo de vida, uma mentalidade. Falando em espiritualidade do Coração de Jesus, pensamos no estilo de vida que deve ter uma pessoa que acredita no amor de seu Deus e que fez até a experiência do grande amor que o Pai e o Coração de Jesus têm por ela. Aqueles que experimentaram o amor de Deus, e nele acreditaram, necessariamente terão um determinado estilo de vida, viverão a espiritualidade do coração, do amor.


 O que significa devoção?


Devoção é uma palavra ambígua. Aqui não a tomamos no sentido de uma prática piedosa, nem como sinônimo de fervor ou de consolação espiritual. O sentido que damos à palavra devoção é aquele tirado de são Tomás de Aquino: “A prontidão habitual da vontade, nas coisas que se referem ao serviço de Deus”. Significa, então, uma disposição permanente e pronta em nossa entrega a Deus. Devoção é quase sinônimo de consagração. Até o dicionário explica que devoção é o “ato de dedicar-se ou consagrar-se a alguém”.


No caso da devoção ao Coração de Jesus, seria uma resposta de amor ao amor de Cristo, uma consagração a ele. Cristo, por amor, deu a vida por nós (1Jo 3,16) e associou-nos aos mistérios de sua vida. Portanto, é necessário que lhe respondamos, com o nosso amor; que nossa vida seja consagrada ao seu coração.


 Por que falamos em coração?


Em nosso linguajar humano (ao menos no ocidente), o coração é o símbolo natural do amor. Não porque este órgão físico produza o amor, mas porque no coração repercute, de modo maravilhoso, toda a gama de manifestações afetivas que, no homem e na mulher, estão relacionadas com o amor.


Talvez alguns povos poderiam usar outras expressões, como nossos irmãos da Indonésia, que falam Hati Kudus (literalmente, Sagrado Fígado). Para eles, tem o mesmo significado que Sagrado Coração, para nós. Mas, entre nós e mesmo no sentido bíblico, o coração designa geralmente o centro interior do homem. É o núcleo mais íntimo e mais profundo da pessoa, o centro inspirador e unificador de toda a sua vida e afetividade.


O Concílio Vaticano II usa o símbolo do coração para falar do amor de Cristo: O Filho de Deus, com sua encarnação, uniu-se a todo homem. Trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, agiu com vontade de homem e amou com coração de homem” (GS 32).


 


Padre Francisco Sehnem, scj

Padre Francisco Sehnem, scj

É religioso presbítero da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.
Ingressou na Congregação no ano de 1956 no Seminário São José, em Rio Negrinho (SC).
Professou os votos de castidade, pobreza e obediência no dia 02 de fevereiro de 1965.
Foi ordenado sacerdote no dia 06 de dezembro de 1970. Atuou como Mestre de Noviços.
Foi o primeiro Superior Regional no período de criação da nova Província Brasileira Meridional.
Atualmente é formador no Noviciado Nossa Senhora de Fátima, em Jaraguá do Sul.

Indique a um amigo
 

Copyright © 2024 Dehonianos. Todos os direitos reservados.