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13.Mai - Maternidade de Maria
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Maternidade de Maria

O Concílio de Éfeso (431) definiu explicitamente que Maria é “Mãe de Deus” . Sua intenção era afirmar a unidade da pessoa de Cristo. Reconhecer Maria Mãe de Deus significa, de fato, professar que Cristo, filho de Maria segundo a geração humana, é Filho de Deus e Deus ele mesmo. “Deus”, na expressão “Mãe de Deus”, designa unicamente a pessoa do Filho. A expressão justifica-se pelo fato de que cada mulher é mãe não só do corpo, mas da pessoa de seu filho. “Mãe de Deus”, teologicamente, não significa genitora da divindade, mas geradora do Verbo encarnado. O dogma da maternidade divina de Maria é fundamental; está na origem dos demais. Tudo o que Maria recebeu (graças, privilégios e títulos) tem sua origem nesse dogma.


 A maternidade de Maria constitui seu título mais glorioso; essa maternidade não interessa somente a ela, mas a todo o povo de Deus. Deus quis ser homem. Maria foi o meio escolhido por Deus para a encarnação de seu Filho. Os caminhos de Deus e da humanidade cruzaram-se nela. O que valorizou a participação de Maria foi sua liberdade: livremente deu a Deus o seu “sim”. Não se pode aceitar um Deus encarnado sem aceitar Maria que lhe deu a carne humana.


Este dogma tem profundas e sólidas referências bíblicas. É com o título de “Mãe” que Maria é chamada, na maioria das vezes, no Novo Testamento: 25 vezes. Para os Evangelhos, Maria é, fundamentalmente, a Mãe de Jesus. 


O texto de São Paulo aos Gálatas refere-se indiretamente a Maria (Gl 4,4): fala do Filho enviado pelo Pai na plenitude do tempo; ele nasce de uma mulher. Jesus aparece aí como o Filho pré-existente. Paulo deixa claro: Jesus de Nazaré não é apenas um homem bom, a quem Deus ama, escolhe e envia; não é tão-somente uma criatura privilegiada. Também não é alguém que começou a existir na encarnação. É Deus mesmo – existe, pois, desde toda a eternidade! Foi enviado pelo Pai, tomou a forma humana, dando-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus. Jesus é também o filho de Maria (cf. Mc 6,3; Mt 13,55; Jo 6,42). O Filho do Pai eterno e de Maria assume a fragilidade e a pobreza da condição humana.


O evangelista Mateus afirma a maternidade divina de Maria (cf. Mt 1,18-25): o anjo anuncia a José que aquele que vai nascer “salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,21).


O evangelista Lucas descreve a maternidade divina de Maria por meio de significativos símbolos do Antigo Testamento: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra...” (Lc 1,35). No livro do Êxodo (40,34) lemos que uma nuvem acompanhava o povo e envolvia a tenda de reunião onde estava a Arca da Aliança e, nela, o documento da Aliança. Assim como o interior da tenda de reunião estava repleto da glória do Senhor, assim também a potência do Espírito Santo, que desce e cobre Maria, faz com que seu ventre esteja cheio da presença de um ser que será chamado santo – é o Filho de Deus.


O mesmo evangelista descreve a visita de Maria a Isabel (Lc 1,39-44.56). Em 2Sm 6,2-16, lemos que a Arca da Aliança é transportada e viaja de Baalã de Judá a Jerusalém, e é acolhida pelo povo com alegria, saudada com música e louvores e reconhecida como presença de bênção e venerada com santo temor. Maria, a nova Arca, viaja até a casa de Isabel, é saudada com alegria e aclamada como bendita. Por ocasião dessa visita, João Batista exulta no seio de sua mãe.


Proclamar Maria Mãe de Deus significa proclamar que, realmente, o Reino “já está no meio de nós” (Lc 17,21; Mt 4,17). Deus já está dentro de nossa história e é um dos nossos, tendo assumido tudo, menos o pecado. Maria é aquela que, em nosso nome, colaborou para que isso acontecesse.


A Sagrada Escritura mostra a maternidade divina de Maria como um dom, uma dignidade e um serviço. Maria serve na medida em que se coloca à disposição do plano de Deus. A Igreja, que tem Maria como seu modelo, é chamada a fazer o mesmo: ser aberta a esse plano.


Foto de Anna Hecker no Unsplash 


Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ

Dom Murilo S. R. Krieger, scj, nasceu em Brusque, SC, em 1943.
Em 1963 ingressou na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.
Ordenado sacerdote em 1969 e escolhido para o episcopado em 1985,
foi bispo auxiliar de Florianópolis (1985-1991), bispo de Ponta Grossa (1991-1997) ,
Arcebispo de Maringá (1997-2002), Arcebispo de Florianópolis (2002-2011)
e atualmente é arcebispo emérito de São Salvador da Bahia.

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